segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A espuma dos dias

José Martino (engenheiro agrónomo)
Josemartino.blogspot.pt


Discute-se, por estes dias em Bruxelas, o orçamento comunitário que irá vigorar entre 2014 e 2020 em todo o espaço da União Europeia. Espantosamente, este assunto não parece despertar grande interesse em Portugal nem grande atenção por parte da comunicação social portuguesa.
As centenas de milhões de euros, a mais ou a menos, que podem calhar aos vários sectores da economia portuguesa até ao final desta década, provocam menos ou mesmo nenhumas emoções mediáticas que as querelas e tricas no seio do PS entre António José Seguro e António Costa.
Pior. Do lado do Governo e do lado do principal partido da Oposição, também não vejo nem ouço grandes proclamações sobre o que se está a passar em sede de discussão do orçamento comunitário no que respeita aos interesses da economia portuguesa.
Lamento dizê-lo, mas parece que andamos todos alheados das questões que vão moldar o nosso futuro. Focamos o acessório e negligenciamos o essencial. Sorvemos a espuma dos dias e não nos damos ao trabalho de escrutinar o que é mais decisivo para as nossas vidas.
Com alguma surpresa, positiva diga-se, li há dias, num jornal diário, que Paulo Portas defendia uma maior firmeza de Portugal no debate europeu sobre o orçamento comunitário. Portas foi, aliás, mais específico, ao pedir que a UE devia canalizar mais investimento para a agricultura portuguesa, ao invés do corte de 85 mil milhões de euros que constam na proposta que está em cima da mesa.
Para defender este argumento, o ministro de Estado, na ausência compreensível da ministra da Agricultura, revelou que Portugal tem de beneficiar do facto de ter altas taxas de execução do PRODER.
E eis que, afinal, se fala de coisas que bulem com a vida das pessoas, com a economia de um país, com um sector fundamental para sairmos da crise. Não nos basta ficar por nos deleitarmos a observar a espuma dos dias.

Fonte: Vida Economica

Obviamente demitiu-se!